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25/04/2019

A história dos ferroviários de Jundiaí

A ferrovia teve um papel fundamental no desenvolvimento de Jundiaí. Descubra a história das pessoas que fizeram parte dessa história: os ferroviários!

Nos trilhos da história, a construção de importantes ferrovias do estado de São Paulo cruzam com o desenvolvimento de Jundiaí! A posição estratégica da cidade fez com que nada menos que cinco caminhos de ferro diferentes se encontrassem na cidade: a famosa São Paulo Railway (Jundiaí-Santos), Companhia Paulista de Estradas de Ferro, Sorocabana, Bragantina e Itatibense. E a história dos ferroviários jundiaienses tem tudo a ver até mesmo com alguns dos principais pontos da cidade!

O sentimento de pertencimento dos ferroviários

Documentos existentes no Museu da Cia. Paulista do Complexo FEPASA, em Jundiaí, mostram como era grande o sentimento de pertencimento. Trabalhar como ferroviário não significava apenas um emprego, mas sim tomar parte de uma grande família, unida social e afetivamente pelo amor à ferrovia. É possível perceber como tal sentimento era forte, por exemplo, neste trecho de carta, enviado por um funcionário para solicitar a contagem de tempo de serviço para sua aposentadoria:

“Entrei para o quadro do pessoal interno no dia 1º de junho de 1906, na qualidade de mestre da fundição. Antes disso, porém, e desde 1872 até 1889, num período de dezessete anos, tive o prazer de trabalhar exclusivamente para a Companhia Paulista, em serviços de fundições de ferro e bronze.”

A origem dos ferroviários

Dentre os dados acessíveis nos acervos dos museus, é possível notar a presença tanto de brasileiros quanto de imigrantes italianos, portugueses e espanhóis nos mais diversos cargos: maquinistas, foguistas, feitores, telegrafistas, escriturários e mesmo em posições de chefia.

Os feitos dos ferroviários em Jundiaí

Os ferroviários de Jundiaí foram responsáveis por grandes benfeitorias para a cidade. Muitos criaram, por iniciativa própria ou com envolvimento principal, os seguintes locais:

  • Grêmio Recreativo: criado em 1900 pelos funcionários. Na época, os sócios eram todos ferroviários, situação que se alterou apenas em 1945. Os cargos de diretoria eram preenchidos apenas por ferroviários ou ex-ferroviários. O Grêmio, hoje, está localizado na Rua Rangel Pestana.
  • Gabinete de Leitura Ruy Barbosa: criado em 1907, o Gabinete de Leitura Ruy Barbosa reunia Atas das Assembleias Gerais, Estatutos da Sociedade, além de um grande um acervo de livros e jornais.
  • Paulista Futebol Clube: nome originário a partir da Companhia Paulista, o clube de futebol foi criado em 1909. Na época, o clube possuía 100 sócios, todos ferroviários.
  • Tênis Clube Paulista (atual Clube Jundiaiense): criado em 1930, também está ligada à vida dos trabalhadores das ferrovias que por Jundiaí passavam.

Nomes importantes da história

Dos vários nomes que fizeram parte dessa história, elencamos três:

Nicomedes Correa

Admitido na Cia Paulista em 1900 como aprendiz de fundidor, Nicomedes participou da fundação do Grêmio e foi um dos primeiros jogadores do Paulista Futebol Clube. Trabalhou em Jundiaí até 1911, como carpinteiro, e aposentou-se em 1950 em Campinas, como inspetor de carros e vagões.

Conrado Offa

Colega de Nicomedes, Conrado Offa trabalhava como telegrafista na Cia Paulista desde 1892, na cidade de Porto Ferreira. Foi transferido para Jundiaí em 1900, sendo um dos primeiros diretores do Gabinete de Leitura e do Grêmio Recreativo.

Major Gustavo Storch

Principal diretor do Grêmio desde sua fundação até 1928, Storch fora contratado como chefe geral das oficinas em 1892, permanecendo na mesma função até 1928. Segundo relato escrito, Storch:

“Era homem de pulso forte e de bom coração… quando alguém ia pedir-lhe emprego na Paulista, ele perguntava de cara se o sujeito tocava algum instrumento. Em caso afirmativo, contratava e mandava tocar na orquestra do Grêmio. Se jogasse futebol ia para o Paulista F.C… quando morria algum funcionário dava emprego para o filho mais velho da viúva.”

E você, conhece alguma história sobre os ferroviários de Jundiaí que gostaria de contar? Compartilhe com a gente nos comentários!

O presente texto utilizou as citações e informações do artigo Trabalhadores das Ferrovias, de Ana Lucia Duarte Lanna (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Universidade de São Paulo). Você pode conferir o artigo completo clicando aqui.

Foto: Prefeitura de Jundiaí

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